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AHMAD SHÂMLU
( IRÃ )
Ahmad Shamlou (Teerã, Irã, 12 de dezembro de 1925 – Karaj, Teerã, Irã, 24 de julho de 2000), um dos maiores poetas iraniano, dramaturgo, jornalista, crítico e tradutor, foi eleito pela Associação dos Escritores do Irã o maior poeta contemporâneo do país.
Uma das principais vozes da revolução islâmica, que depôs o xá Reza Pahlevi em 1979, ele rompeu com os aiatolás e se tornou um símbolo da luta pela liberdade de expressão.
Considerado o pioneiro da abordagem política, Shamlou lutava pela liberdade de expressão. Atualmente, vivia recluso, dependente de ópio e dedicava-se exclusivamente à literatura. Preso várias vezes durante o regime repressor do xá Reza Pahlevi, foi exilado em 1977, indo morar nos Estados Unidos.
Em 1991, depois de voltar ao Irã, ganhou o Prêmio Liberdade de Expressão. Entre seus trabalhos mais importantes estão Ibrahim nas Chamas e O Jardim dos Espelhos.
Ahmad Shamlou morreu em 24 de julho de 2000, aos 75 anos, de câncer e de diabetes, em Teerã.
(Fonte: http://www.terra.com.br/istoegente/52/tributo – TRIBUTO/ por Marcelo Zanini – JULHO DE 2000)
(Fonte: http://veja.abril.com.br/020800/datas- Edição 1 660 – DATAS – 2 de agosto de 2000)
POESIA SEMPRE –No. 32 – Ano 16 – 2009. Poesia contemporânea do Irã. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2009. Editor: Marco Lucchesi. Capa: Rita Soliéri Brandti. ISSN 9770104062006.
Ex. bibl. Antonio Miranda.
Chuva
Então a vi, a orgulhosa rainha do meu amor
No limiar repleto de flor de lótus,
Pensava no céu chuvoso.
E então a vi, a orgulhosa rainha do meu amor
No limiar da chuva repleta de flor de lótus,
Cujo vestido era o despojo do vento atrevido.
E lá a orgulhosa rainha chuva
No limiar das flores de lótus,
Regressava de uma árdua viagem celestial.
Tradução de VIVIANE DE SANTANA PAULO
Uma canção sombria
Anterior ao plúmbeo fundo da manhã
Inerte está
Um cavaleiro
E a longa crina de seu cavalo
É desgrenhada pelo vento
Oh senhor! Oh senhor!
Cavaleiros não deveriam permanecer inertes
Quando fim
Se anuncia
Na cerca chamuscada
Inerte está
Uma jovem menina
O tecido fino de sua saia
Movimenta-se leve ao vento
Oh senhor! Oh senhor!
Meninas não deveriam permanecer inertes
Enquanto os homens envelhecem
De desespero e desgosto.
Tradução de VIVIANE DE SANTANA PAULO
Neste beco
Eles farejam a tua boca
Se tu — Deus nos livre! — possas ter dito, eu te amo.
Eles farejam o teu coração.
É uma época estranha, minha doçura.
E o amor
Flagela nas ruas bloqueadas
Com os açoites
O amor precisamos escondê-lo no quarto dos fundos
da casa.
Nestes becos de cantos tortos
Queimam
No fogo
Canções e poemas.
Não te coloques em perigo por pensar.
É uma época estranha, minha doçura.
Todos que batem à noite em tua porta
Vieram para quebrar a tua lâmpada.
A luz precisamos escondê-la no quarto dos fundo
da casa.
Aqueles ali são carniceiros
Nas passagens atravancadas
Com machados e martelos
É uma época estranha, minha doçura.
Eles cortam o sorriso do lábios
E a melodia da boca.
A paixão precisamos escondê-la no quarto dos fundos
a casa.
Canários queimados no espeto
No fogo de lírios e jasmins
É uma época estranha, minha doçura.
Satanás está sentado ébrio de vitória
Para a ceia do nosso banquete fúnebre
Deus precisamos escondê-Lo no quarto dos fundos
da casa.
Tradução de VIVIANE DE SANTANA PAULO
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Página publicada em junho de 2025.
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